Projeto de Decreto Legislativo (PDC), que submeteu a aprovação o
texto de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional
entre os governos do Brasil e Cuba. Portanto, tratou-se de um ajuste a um
acordo bilateral de 1988, aprovado pelo Congresso em 1989 e promulgado em
1990. Apresentado a Comissão de Educação e Cultura, em 21/09/2007).
Iniciou-se o debate com a presença do Deputado Federal Lelo
Coimbra e os participantes dos grupos “Consciência Política Razão Social” e
Union de Los Pueblos de Nuestra América, e todos cidadãos que desejassem, pois,
tratou-se de um debate on line e aberto a toda sociedade.
Fernanda
Tardin - O Deputado Federal e relator da PL
346/2007 deverá responder e debater com todos e, portanto, para que isto
seja possível, acordamos uma pergunta e uma resposta sucessivamente. Não houve
limite de horário, mas ficamos acordados 1:30 h , de acordo? Hasta lá vista ,
as 22 h ( horário Brasília).
Lelo
Coimbra - Caros amigos, daqui a pouco, conforme
combinamos, iniciamos um bate papo/ debate sobre ALUNOS BRASILEIROS que foram
para o curso da ELAM - Escola Latino americana de Medicina. Combinamos fazê-lo
as 22 hs de hoje. Agradeço a disciplina do Dagmar, que postou o debate hoje, as
19:02 hs e a militância e persistência da Nanda, dois bons (compas).Informo que
esse debate NAO e contra Cuba e sua história, NEM CONTRA o sistema de saúde de
Cuba em seus aspectos positivos. Estamos tratando de legislações, populações em
numero e história e de morbi-mortalidade distintas. Alem do que, esse e um
assunto já encaminhado e as soluções alternativas já operadas, com seus
resultados.
Sou médico sanitarista, formado pela
UFES e especializado pela Fac. Higiene/ SP, servidor publico federal, do MTE,
como agente fiscal, licenciado para o exercício de mandato eletivo.
Como método sugiro: apresentação do
assunto, informação do relatório e avaliações de mérito.
1 - Apresentação do assunto
Tratou-se de um Projeto de Decreto
Legislativo ( PDC ), que submeteu a aprovação o texto de um Ajuste Complementar
ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional entre os governos do Brasil e
Cuba. Portanto, tratou-se de um ajuste a um acordo bilateral de 1988, aprovado
pelo Congresso em 1989 e promulgado em 1990. Apresentado a Comissão de Educação
e Cultura, em 21/09/2007.
2 - Informações sobre o relatório
Durante vários meses debatemos o
tema, sua origem, suas conseqüências, seu mérito e os desdobramentos, a luz da
Lei de Diretrizes Básicas - LDB do Brasil. Ao termino dos debates, negociamos a
manutenção do relatório, que assinei, na votação em Plenário, enquanto
buscávamos uma solução negociada para o tema, em articulação entre
MEC/CEC/MSaude.
O resultado foi um decreto do
executivo, com normas que buscavam soluções para os alunos brasileiros da ELAM,
com isonomia para os outros brasileiros que estão com as mesmas dificuldades,
após terem cursado em outros países.
3 - No mérito
Estiveram em discussão a forma de
acesso e mecanismos de escolha, duração do curso, inspeção feita pela AMB e CFM
ao curso ELAM, diferenciação para o exercício da medicina em Cuba para os
brasileiros e os Cubanos, esses cursando mais três anos e, finalmente, a
tentativa de tratamento diferenciado entre os quase 13 mil brasileiros oriundo
de outras experiências e os quase 700 da experiência ELAM
Essas são as abordagens iniciais.
Desculpem o atraso de 15 minutos.
Dep Lelo Coimbra.
Fernanda
Tardin - Boa noite deputado. Bem vindo e desde já
obrigada por sua disponibilidade e interesse em gerar o debate. Concorda em
aguardarmos as 22 hs?
- Bem, postarei uma das minhas
perguntas. Lelo você é médico e como tal por várias vezes neste período Pré-debate,
afirmou reconhecer a medicina cubana e seu avanço. Como deputado, como é ser
relator de uma pl que limita a aplicação desta medicina por médicos brasileiros
formados em Cuba (e ainda da PL que diferencia segregando apenas os brasileiros
formados em Cuba).
Lelo
Coimbra - Na realidade Nanda, não se trata de
limitar a aplicação da medicina cubana no Brasil. Vivenciamos a experiência dos
dentistas brasileiros em Portugal, onde o curso do Brasil não "batia"
com o dos portugueses. Para exercerem a odonto lá, tinha que fazer equivalência
curricular e prova e acesso. Nosso problema e o mesmo, para brasileiros que
foram a Cuba ou outro Pais. Na realidade não há segregação apenas dos
brasileiros que estavam em Cuba, mas sim um tratamento diferenciado apenas para
os que lá estiveram.
Fernanda
Tardin - Mas a PL limita aos que cursaram
medicina noutro pais? E em se tratando de Portugal (país citado aqui por você)
um companheiro do PROJECTO TECTRAS (atuante ONG de Portugal) atesta:
A mim parece-me que este é um
problema que se repete em vários pontos do Globo. Pelo que sei em Portugal, o
mesmo deve se passar nos outros países, é que existem acordos de reconhecimento
dos cursos entre os países, sejam eles de medicina ou de outra área. Quero
acreditar que este reconhecimento resulta de um processo rigoroso de avaliação
mútua e não de convenções políticas ou outro tipo de interesses. O problema
mais grave é de facto o da medicina devido à escassez de recursos nos sistemas
de saúde. Quando certos países formam médicos mais rápido que outros, não
querendo dizer com isso menos capazes, é comum as associações profissionais, em
Portugal é a Ordem dos Médicos, fazerem lobby contra esses profissionais. Se
tivermos políticos independentes, pois terá de partir deles uma solução, seria
fácil resolver o problema: para países sem acordos o profissional teria de
fazer um exame para provar competências na sua área; se os pedidos fossem
poucos, os casos que fossem aparecendo resolviam-se assim; a partir de um
determinado volume de profissionais e com uma taxa de aprovação a definir, as
autoridades passariam aos contactos para efetivar o reconhecimento da entidade
formadora. “Isto seria válido para cidadãos nacionais e estrangeiros”
Lelo
Coimbra - Aos brasileiros que estão ou estiveram
em outros países, em experiências de graduação, aplica-se a LDB - equivalência
curricular e prova de acesso - aos brasileiros em Cuba, aplicar-se-ia o acesso
direto, sem equivalência curricular e prova de acesso. Portanto tratamento
diferenciado e sem conformidade com a LDB, só para os que estiveram em Cuba. Ora,
quando você vai a um Pais, a passeio ou a trabalho não ha uma documentação
básica para acesso? Para reconhecimento de um curso e emissão de diploma, há
uma legislação, chamada LDB. Não se trata de ter ou não políticos
“independentes", categoria que quero entender na linguagem de quem a usou,
mas sim de relações legais entre países e suas normas.
Dagmar
Vulpi - Boa noite Dep. Lelo, dos argumentos
usados para o não reconhecimento dos diplomas dos brasileiros, percebe-se que
alguns tiveram mais ênfase, entre eles, a forma de acesso ao curso, o mecanismo
de escolha e a duração do curso, que peso pode ter tido estes itens, sabendo-se
que muitos dos brasileiros selecionados foram indicados por sindicatos e
partidos políticos. Se a forma de indicação fosse outra, você acha que eles
teriam mais chances, ou isso seria irrelevante?
Lelo
Coimbra - Dagmar, a motivação central do debate e
decisões, sempre esteve centrada na duração do curso cinco anos, impedimento de
exercício da medicina em Cuba - exceto se cursasse mais três anos, alternativa
NAO oferecida nesse intercâmbio, perfil dos cursos conforme avaliação de
comissão mista do MEC/AMB/CFM, ocorridas dois anos antes. Como informação
adicional, embora não determinante, o acesso - escolhas pelo PT, PC do B, MST,
Pastorais, PMDB e, ate mesmo PSDB, caso ocorrido com a dep. Raquel de Goiás.
Dagmar
Vulpi - Menos mal! Eu particularmente não tinha
conhecimento de indicações do PMDB e PSDB.
Lelo
Coimbra - Foram menores em número, Dagmar, mas
existiram. Os pais buscam nos políticos formas de acesso as mais diversas. Para
passagem de ida e volta a responsabilidade e das famílias, que nem sempre tem
essas possibilidades e o mesmo pedido acaba sendo estendido.
Dagmar
Vulpi - Certo, os políticos que foram procurados
neste caso e, indicaram filhos de amigos e/ou eleitores acabaram não ajudando
muito, mas, arranjaram um problema. Não teria estes o conhecimento da
possibilidade de não haver o reconhecimento, ou na época das indicações esta
possibilidade não era cogitada?
Lelo
Coimbra - Dagmar, esse experiência começou em
1999, no governo FHC, não me pergunte porque pois não sei, e alguns pais tinham
essa informação, outros não. Os primeiros achavam que a política resolveria, os
outros entraram em pânico e passaram a se comportar como os primeiros, o que e
compreensível. A tentativa de resolver, após uma visita de Lula a Cuba, foi
criar uma exceção, fato que os discriminou frente aos outros brasileiros que
querem solução semelhante, ou seja, não ter equivalência de currículo e prova
de aptidão. Mesmo assim, foi gerada uma alternativa com concordância das
instituições que participaram dos debates, dentro dos parâmetros da LDB, e os
resultados foram 628 inscritos para exames de proficiência e habilitação e
somente DOIS foram habilitados ao exercício da clinica no Brasil. Que fazer?
Desconsiderar que temos uma legislação, fruto do que acumulamos ate agora?
abrir geral e desconsidera a LDB, caso fosse possível?
Fernanda
Tardin - Lelo, saindo então um pouco da
legislação - que para mim sempre tem dois pesos e duas medidas, esta PL
não será para resolver as questões dos controladores da saúde? Os interesses
corporativistas que historicamente inibi e combate os avanços da medicina
humanizada, como exemplifiquei na gestão municipal e estadual de um governo no
nosso estado? Lelo, informações vindas de quem conhece e ainda pesquisou dão
conta de: “Tenho informações sobre os cursos de lá”. A carga horária é intensa.
Os alunos não podem colar. Se forem flagrados os cubanos são severamente
punidos e os estrangeiros são deportados. Em contra partida os professores
estão sempre disponíveis. A qualquer dia. A qualquer hora para sanar as
dúvidas. Os livros são reaproveitados e são gratuitos e o aluno fica
responsável pela devolução. São mais de 5.000 jovens bolsistas do terceiro
mundo (metade homens e metade mulheres). Priorizando países subdesenvolvidos e
o Brasil é contemplado, juntamente com a Argentina, o Uruguai, o Chile, dentre
outros, por que nestes países também existe exclusão. Um condicionante
indispensável é que os alunos tenham estudado durante toda a vida escolar em
escolas públicas no seu país de origem. Desta forma atinge efetivamente os
excluídos que nunca conseguiriam se formar em medicina. A bolsa é completa. Os
alunos além da formação acadêmica recebem casa, comida, material acadêmico,
esporte, cultura, lazer, tratamento médico e odontológico, etc. Tudo a custo
zero para o aluno. A parca economia cubana banca tudo.
A formação acadêmica de Cuba é ampla
e voltada para a realidade do povo. Formando médicos conscientes e não
simplesmente médicos voltados para a “especulação do capitalismo que vê a
medicina como um negócio altamente lucrativo." E insisto, com um exemplo
de gestão acontecida no governo municipal de Vitor Buaiz e a seguir com a
'desgraça' que sofreu ao tentar transpor a nível estadual o modelo implantado
na capital do estado e referendado mundialmente como exemplo de gestão em
saúde, segundo o próprio gestor implementado, aos moldes de Cuba, capital
inclusive que nós vivemos , não seria este dado agregado aos avanços
reconhecidos mundialmente , de Cuba na área de saúde, a questão diferencial que
somada ao relato do curso em Cuba (Carga Horária) um contra argumento aceitável
para a argumentação da PL?
Lelo
Coimbra - Fernanda, Cuba tem importante
experiência na atenção primaria, se destacando em outras áreas como e a
história do Vitiligo e mesmo kits para exames de HIV. Você mesma disse, e é
verdade, a busca de contribuição com o tema da cólera. Não há, restrições
algumas a ver boas experiências e seu aproveitamento, especialmente se puderem
ser massificadas e de menor custo. A experiência do SUS no Brasil e muito
interessante, a quebra de patentes de medicamentos, a universalização do acesso
a muitos procedimentos estão presentes. vivemos num Pais com 190 milhões de
habitantes, com as primeiras causas de morbi-mortalidade centradas no trauma,
degenerativas e outras de perfil semelhante, com expectativa de vida ao nascer crescente
e tx de natalidade muito declinantes. Nosso perfil e muito distinto, mesmo nos
apropriando de experiências exigidas e positivas de Cuba, que não
necessariamente esta associada a esse perfil de profissional que não pode
sequer ser médico em Cuba.
Essa forma de apresentar o problema
limita a formação medica ao seu caráter humanista, que e fundamental, mas não
lhes garante conhecimentos suficientes para salvar a vida das pessoas.
Fernanda
Tardin - E mais recentemente na vacina contra o
câncer de pulmão e o tratamento de diabetes. Saúde Mental e melhor: Saúde
preventiva que evitaria um percentual considerável de gastos públicos com o
tratamento de doenças a serem evitadas. Um aluno que estuda e vivencia a
medicina em uma universidade desta não necessariamente indica que será um
médico exemplar, nem um que estuda em qualquer outra universidade por melhor ou
pior que seja. A votação contraria desta PL não implicaria uma contribuição
para que a medicina preventiva e humanizada fosse mais explorada no Brasil?
Sobre os kits de exame de HIV: para
constar acrescento os de tuberculose, Hepatite C, malaria e outro que agora não
recordo. Os testes tem precisão de 95 a 100% e resultado no máximo 20 minutos
após a coleta (uma gota de sangue) sei disto pois na época que nosso estado
teve surto de tuberculose, principalmente dentro dos presídios e se alastrando
sociedade afora, tentamos uma parceria com o estado para adquirir o mesmo e não
obtivemos sucesso. Mais um motivo para achar ser uma questão mais política que
humana. E saúde, você sabe e concorda (que sei) tal como a segurança não pode
mais ser encarada de forma a se obter vantagens políticas. Certa?
Lelo
Coimbra – (Compas) tenho um grande carinho pelo
Vitor, que embora não tenha sido feliz no governo estadual, foi uma experiência
em reconhecida na capital. Entretanto, não houve o que você fala. Fiz parte do
assessoramento daquela experiência via de desenvolvimento de Vitória e não
houve essa transmudação. Havia um bom discurso nessa direção, pratica apenas o
trabalho com fototerápicos.
Fernanda
Tardin - Lelo, organizações internacionais de DH
e saúde indicam o que apenas coloquei aqui como dado. O pioneirismo que serviu
de modelo positivo, da saúde na gestão municipal. O fato aqui, serve de
comparativo pois a medicina preventiva e humanizada foram adotadas lá, nesta
implementação.
Lelo
Coimbra - Nanda, por que esses alunos brasileiros
não podem exercer a medicina em Cuba, oriundos desses cursos que lhes são
oferecidos, a título de intercambio. Para quem eles são formados? E para que
realidade epidemiologia?
Fernanda
Tardin - Lelo, e pq. uma PL considera (ou
interpreta , acho eu) uma lDB e desconsidera os dados contrários apresentados
numa contra argumentação? porque o padrão da LP é considerar que médicos
existem para tratar doenças e não para preservar a saúde?
Fernanda Tardin - quero
registrar aqui a presença do atual presidente da câmara federal Deputado Marco
Maia e solicitar que considere este debate assim como oportunize a ciência
deste na câmara federal.
Dagmar
Vulpi - Seja bem vindo dep. Marco Maia é um
prazer contar com a sua nobre presença em nosso debate.
Lelo
Coimbra - Maia é atual e futuro, em quem estarei
votando no dia primeiro. Torço pelo seu sucesso!
Laerte
Henrique Fortes Braga - Boa noite. Não teria sido a
dificuldade no governo do Estado em implantar semelhante projeto ao implantado
no Município a oposição dos grandes grupos da área de saúde? Olhando a
discussão até agora vejo-a com aspecto técnico prevalecendo sobre a questão
política e penso que essa é a primeira. A vontade política de implantar
políticas públicas de saúde que atendam à população como um todo. A concepção
básica do SUS. a UNIMED hoje lava dinheiro na contratação de jogadores de
futebol.É subsidiada por verbas públicas. As faculdades privadas em sua imensa
maioria despejam "médicos" sem outro critério que não o da
mensalidade paga.
Lelo
Coimbra - Minha demora esta em que, vocês são mais
de um e quero responder a todos, (rsrs). A democracia representativa, hoje mais
conjugada com a democracia participativa, mas com predominância da primeira, e
o que nos rege Laerte. O congresso do mundo e um extrato da sociedade de cada
Pais. O debate congressual do Brasil hj esta no financiamento, em aumentar suas
fontes. O máximo que se chegou foi a CPMF, já extinta. As definições
legislativas e ministeriais sobre o modelo de saúde no Brasil avançaram muito
desde os anos 80, culminando com o SUS. Os EUA agora que estão tentando dar
alguma assistência aos 30 milhões de seus miseráveis, sem quaisquer acessos a
atenção a saúde. No Brasil, dos 190 milhões de brasileiros, 40 milhões são
"cobertos" pela chamada atenção complementar- planos de saúde os mais
diversos, inclusive UNIMEDs. Aí nao tem dinheiro publico, mesmo na compra de
jogadores, que são transações privadas entre que acha que esses caras alem
isso. Por fim, não estamos falado de técnica, mas sim política de estado nas
aterás de formação e atenção a saúde. Qdo Obama tentou fazer a universalização
agora, mandou gente de lá estudar o SUS, experiência que já exportamos.
Portanto temos muitos avanços. E preciso ir alem da emoção e do desejo, buscar
informações para tentar analisar esse conjunto de fatos.
Fernanda
Tardin - Lelo, não se preocupe, reconhecemos seu
esforço e estamos cientes das limitações impostas no debate pela Net,
seguiremos da forma possível.
Laerte
Henrique Fortes Braga - Não há uma questão política
nisso. A maior parte dos médicos brasileiros é vítima dessas quadrilhas que
controlam o setor, inclusive a indústria farmacêutica trabalha num regime de
quase escravidão, levando-se em conta os plantões. Hoje não se dá o diagnóstico
de uma gripe, uma virose comum, sem dois ou três exames, ou seja, lucro. Na
rede privada, na rede pública as máquinas estão sempre quebradas. Jogue essa realidade
para Cuba, com as diferenças de avanços tecnológicos e mande os caras
explicarem porque os cubanos conseguem os resultados acima da média - OMS,
índices de mortalidade infantil, que é um conjunto de políticas públicas? Não
vão explicar, vão dizer que é comunicação do Brasil. Conheço médico que é
orientado a não internar pacientes exceto no caso do paciente, se não tiver
plano, ou se tiver e o plano não cobrir, se o paciente, repito, não puder pagar
o depósito, aliás, proibido por lei, mas lei que não pegou, foi para constar.
Não emoção deputado, tenha a certeza. O SUS concebido quando Waldir Pires era
ministro da Previdência e nunca foi implantado no modelo que os
norte-americanos estão estudando. Sempre esbarrou nos interesses de grupos
privados. O próprio Obama está esbarrando nesses interesses. Avanços? Claro,
muitos e em muitas prefeituras principalmente, que usam as verbas de forma
adequada, ou voltada para a realidade de saúde pública a partir da concepção do
SUS. Outras, como o tucano daqui, coloca no bolso. No governo Lula choveu
verba, como no caso da tragédia do Rio de Janeiro, choveu verba, mas e daí? A
Fundação Roberto Marinho pegou 24 milhões da verba destinada a obras de
contenção de encostas. Na saúde a história se repete. Aqui em Minas terceirizaram
tanto que as verbas sumiram e ninguém sabe onde foram parar - exceto as da
propaganda.
Disseram-me que o senhor deve ir a
Cuba, é uma iniciativa louvável, correta e tenho certeza que o encontrará uma
realidade diversa da pintada pela mídia privada aqui - podre e corrupta -. O
senhor já prestou atenção que quase todo FANTÁSTICO mostra uma inovação na área
da Medicina, via de regra máquinas para exames? Já pensou quanto a indústria do
setor paga por essa propaganda transformada em matéria jornalística? Ou por
exemplo, nos males que os sucessivos exames podem vir a trazer para as pessoas
levando-se em conta que os médicos não sabem mais diagnosticar sem exames
básicos, o que não quer dizer que exames mais específicos e sofisticados não
sejam necessários, mas a partir dos básicos. Não será uma deficiência da
formação aqui?
Vou encerrar meu ponto de vista
perguntando: o senhor não acha que o problema é muito maior que esse nó que os
médicos formados em Cuba vem dando por aqui? E, o fato do senhor está debatendo
aqui merece registro. É raro isso num deputado hoje, raríssimo. Merece,
independente de posições distintas, felicitações.
Claro que há muito maior que o
interesse em resolver o problema. Como se pode bater de frente com quem
financiam campanhas, por exemplo? Não é uma acusação direta, mas hoje temos
bancada evangélica, bancada rural, bancada da saúde, bancada disso, bancada daquilo,
o Congresso é um segmento até a data da eleição e um estamento segmentado
depois da eleição.
O debate público, esse que acontece
aqui é importante, mas o conjunto de fatos é muito mais amplo que a discussão
técnica.
Vamos a um exemplo prático. A série
HOUSE, de grande sucesso na tevê americana e repetida no Brasil em alguns
canais, mostra médicos formados em grandes universidades norte-americanas, com
todo o aparato tecnológico daquele país, sem condições de um diagnóstico
preciso num hospital cheio de especialistas. É uma crítica ao modelo
norte-americano, o próprio personagem chave recusa médicos jovens por
"inexperiência". Critica e debocha de médicos veteranos por
incompetência e via de regra, erra ele próprio.
O governo cubano exige mais três anos
de médicos que vão exercer a medicina em Cuba como complementação de um ensino
específico voltado para a realidade cubana, ao contrário dos cinco anos, que
trata da formação médica geral, tal e qual em qualquer país do mundo.
Outro exemplo, noutra área, mas
ainda na saúde, o caso dos dentistas brasileiros em Portugal.
Na prática o que há é lobby dos
grandes grupos controladores de saúde no Pais. Eu por exemplo deputado, acuso
com todas as letras, o senador, ex-governador Aécio Neves, e o recém eleito deputado
federal Marcus Pestana, seu secretário de saúde por oito anos, de corrupção no
setor. Já fiz isso publicamente e nada. Do mesmo tamanho. E o medo de, na
eventualidade de um processo, com a figura da exceção da verdade, o direito de
provar, a prova ser apresentada. Ao invés de saúde pública, critérios para
tanto, "negócios", através de empresas, distribuição de verbas a
prefeitos, por trás dessa aparente discussão sobre o currículo do curso de
medicina em Cuba existe o fato político, levando-se em conta que o maior de
número de alunos que lá está não tem condições de pagar faculdade privada no
Brasil, são menores hoje, mas ainda subsistem dificuldades para as públicas,
explico em tópico a seguir e, principalmente, por terem sido indicados pelo MST
- MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA.
Quando falo em subsistirem
dificuldades para as faculdades públicas dou um exemplo. A Universidade Federal
de Juiz de Fora, há anos, reduziu pela metade o número de vagas oferecidas. Em
seguida, boa parte dos médicos que compunham o conselho da referida faculdade,
montou uma faculdade, privada, lógico. Mensalidade? Ano passado não era
inferior a quatro mil reais.
Antes da questão técnica há uma
questão política. Enfrentar os grupos/máfias que controlam a saúde no Brasil.
Essa é uma parada dura.
Lelo
Coimbra - Laerte as denuncias do governo mineiro a
que se refere, não as conheço. Vemos vez em quando, denuncias diversas em
cidades e estados que desqualificam a vida publica, nivelando-a por baixo. Mas
um tema importante esta em que os municípios, sobrecarregados com o que lhes
tem sido transferido de competências, desde 1988, aplicam entre 15 a 20% em
media nas suas competências de saúde, eqto apenas 12 dos 27 estados e mesmo a
União, não aplicam o correspondente ao previsto na emenda constitucional 29,
interrompida pois tem sido usada exclusivamente para tentar a recriação da
CPMF.
Outro tema importante que Laerte
traz esta na proliferação de escolas medica. Temos uma concentração de médicos
nos grandes espaços urbanos, num modelo hospital centrico, e ausência nas
outras áreas, alem de que a atenção a saúde acaba se concentrando na ação
medica. Conseguimos reter um pouco essa expansão, mas esse debate se torna cada
vez mais relevante! Quando iniciei minha militância no M Estudantil, tínhamos
com bandeiras as permanentes revisões de currículos, com a critica então a
mercantilizacão da medicina, onde o aluno do 3a ano já era especialista de
alguma área. Esse debate permanece hoje nas ações normativas e busca de
construção de políticas publicas de saúde e de ensino. Na saúde, evoluímos na
concepção de modelo, dentro de idéia de universalização, integralidade e
publico, mas construímos alianças com os segmentos filantrópicos e privados,
como parte do modelo. As indústrias de medicamentos e equipamentos estão
presentes nesse nosso universo de ação e não iremos adiante sem convivência com
essas formas de atenção.
Um fato, Laerte, não sabe se você da
alguma valorização, esta na dimensão populacional e física do Brasil, vis-à-vis
a de países pequenos. Qual o valor que você da ao acumulado brasileiro na saúde
publica? Parabéns por tua presença no debate!
Cadê o Maia, ta em campanha? Diga
que ele já esta eleito, será o Pres. da Câmara.
Fernanda
Tardin - Lelo, o dever me faz vir com satisfação
aqui falar ao grupo que você é apenas um relator e que o fato de se colocar num
debate, demonstra que nossas inquietações e insatisfações também (talvez em
menor grau) são compartilhadas principalmente por buscarmos todos uma resposta
e solução para o fator Humano da questão.insistindo na necessidade de
ajuntarmos a saúde que preveni e a que trata, para principalmente evitarmos
mortandades em corredores lotados e doentes em filas de marcação de consulta em
plena madrugada, pq. uma PL renega necessidades básicas ?
Laerte
Henrique Fortes Braga - Perdão deputado, lembrei-me
de um caso visto hoje cedo. Um transplantado de fígado, portador do vírus da
hepatite C, em constante luta para viver, hoje mostrou uma carga viral
baixíssima a partir de medicamentos homeopáticos. Embora o setor tenha crescido
e demais no País continua sendo visto com olhos tortos pelos grandes grupos.
Estou citando o fato, pois médico desse paciente ao olhar os exames, simples,
pediu a ele uma xérox da composição do medicamento.
Em Cuba isso é regra geral, está no
documentário de Michael Moore. Sobre essa concentração concordo plenamente. E
quanto a Minas meu caro deputado, se aparecer por aqui lhe mostro as provas,
Maluf é aprendiz perto de Aécio e sua quadrilha (rs).
Dagmar
Vulpi - Dep. desculpe-me caso o questionamento
que agora registro já tenha sido respondido nas entrelinhas de tantas
respostas. Os brasileiros que se dispõe a irem estudar em Cuba durante cinco
anos e não terem seus diplomas reconhecidos por força de lei, aliás, muito bem
esclarecidas pelo (compa), se estes cumprissem os três anos curriculares
necessários para o reconhecimento brasileiro teriam os seus diplomas
reconhecidos, na inspeção feita pela AMB e CFM ao curso ELAM?
Lelo
Coimbra - Dagmar, os três anos excedentes se
referem a necessidade determinada pelo governo Cubano, para os Cubanos
exercerem a medicina em Cuba, Laerte também deu uma opinião sobre o assunto. Os
brasileiros não têm essa opção, sua formação dentro do protocolo acordado e o
que debatemos.
Fernanda
Tardin - Lelo, Dag, Laerte e demais Hermanos,
acho que muito ainda vamos debater, mas a hora avança e o companheiro e amigo
Lelo Coimbra tanto ou mais que nós se esgotou. Podemos deixar aberto o tópico
para futuros comentários e perguntas. Dentro do possível acredito que teremos
resposta. Acordam?
Fernanda
Tardin - Lelo, encerramos por hoje, certos que o
caminho não se finda. Agradecemos a oportunidade e deixamos o desejo de manter
esta comunicação e debate. O POVO nas filas merecem.
Grande abraço e uma estrela ' tipo a
do orkut'. (Rsrs rsrs) saudações ao (compa) Maia, não voto, mas manifesto meu
desejo de ver um presidente da câmara eleito considerando uma mobilização de
expressões populares. outra questão que por hoje não convém (rsrs) hasta la vista.
Laerte
Henrique Fortes Braga - Deputado, a Fernanda
encerrou, foi um ótimo debate, repito, principalmente por se debater, coisa
raríssima em deputados, o que, repito o que escrevi acima, merece louvores e
reconhecimento, seja pelo fato, pela hora, etc. No próximo, seria ótimo incluir
a questão da saúde mental no Brasil. Os últimos relatórios da OMS apontam para
o ano 2020 a depressão como segunda causa mortis em seguida às doenças
cardiovasculares (que muitas vezes são disfunções provocadas por algo que
tangencia a área, o velho stress, neuroses e pressões acima da média). A
depressão não é necessariamente uma doença mental como a psicose, mas é
preocupante. Nisto talvez a gente encontra resposta para essa questão que o
senhor levantou. O confronto entre um País continental como o nosso e países
geograficamente menores. Um abraço deputado, boa noite.
Dagmar
Vulpi - Agradeço a presença de todos em nosso
debate, agradeço especialmente o Dep. e companheiro Lelo Coimbra por nos ter
dado a honra de sua presença e a gentileza de suas repostas.
Lelo
Coimbra - Dagmar, Nanda e Laerte Aos amigos, valeu
por hora. Nos cobrearemos a qualquer tempo!
Um fraterno abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário