A crítica como monopólio da oposição e o silêncio como dever correligionário?
Muitos reclamavam que a nossa juventude estava alienada, passiva, acomodada, e agora que ela começa a se manifestar, justificam a violência da PM e ainda criticam o movimento, tal qual a ditadura, dizendo que havia "gente" infiltrada, que as lideranças não eram autênticas, que houve excessos (vejam os jornais da época da ditadura). O cidadão pode até errar ao cometer excessos, mas o Estado não! O Estado não tem o direito de exorbitar. O estado arbitrário é ditadura. E tenho asco da ditadura militar brasileira, tanto como do stalinismo.
Como líder estudantil que fui no ES e RJ , como dirigente revolucionário que fui no combate à ditadura militar, sofri a violência da repressão nas ruas e nos porões da ditadura, e jamais poderei entender quem assim também sofreu justificar a repressão aos movimentos sociais, tanto aos sem teto em Aracruz como aos estudantes em Vitória. Preferiria mil vezes perder o poder, a perder a dignidade da coerência, preferiria o convívio dos sem-poder a ser um verme na política, um trânsfuga.
Não é aceitável lutar pela construção de uma democracia popular e ser democrata de conveniência, isto é: quando convém aos próprios interesses, quando não convém, então mostra as garras do mandonismo. Não dá mais para tolerar que de noite seja pardo e de dia seja camaleão, líderes assim nos levarão a segurar a alça do caixão da democracia popular.
O dia em que os humanistas e socialistas defenderem que os fins justificam os meios, então estarão justificando a tortura.
Devemos cultivar os meios tanto quanto os fins, não podemos admitir o divórcio entre meios e fins e nem entre tática e estratégia, sob pena de não construirmos o socialismo petista. A história já demonstrou que a dissonância entre meios e fins leva ao stalinismo, jamais ao socialismo democrático, ecologicamente sustentável e que tem por objetivo perene o humanismo.
O contraditório é o motor da democracia e a transparência é o seu combustível, não podemos abrir mão delas sob qualquer hipótese, porque abrir mão da liberdade de expressão e´colocar o primeiro tijolo do autoritarismo. A luta política excludente é própria do fascismo, do stalinismo e de todo tipo de ditadura, que em regra não admitem a luta dos contrários e chegam ao paroxismo da eliminação física.
É uma visão mecanicista, binária, tipo OU FLA OU FLU, achar que as divergências só se dão entre os antagonistas, e não também entre companheiros.
Assassinar a dialética é assassinar o conhecimento e a evolução. O começo desse assassinato é colocar qualquer empecilho, qualquer barreira, qualquer razão, para justificar o silêncio diante do erro, para pregar a postura acrítica.
A luta política não é como um jogo de futebol, onde as paixões cegam as razões e a ética vai às favas. A crítica não é monopólio da oposição, pois a democracia popular é um modo de ser da cidadania, e onde substituírem a crítica pelo silêncio estar-se-á minando a democracia. Enfraquecer a construção popular da democracia é facilitar aos propósitos da direita raivosa órfã da ditadura. A luta política para a maioria esmagadora da militância petista deve ser feita com ética. Essa bandeira ainda é nossa, apesar dos tombos que levou. O que deve ser combatido não e´a manifestação crítica às opiniões divergentes, mas ao pragmatismo da política sem princípios.
Ao encerrar essas notas recebo a informação de que Palocci renunciou. Nesse momento prefiro ficar em silêncio para os que silenciaram reflitam e aprendam alguma lição.
Francisco Celso Calmon
Militante Petista, ex guerrilheiro, do grupo de lutas da Dilma
Postagem retirada do grupo SABER POLITICO
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