sexta-feira, 8 de julho de 2011

O absurdo da política


Ele deixa o ministério e tudo indica - que ele mesmo, Alfredo Nascimento, agora dublê de senador da República e presidente do PR, escolherá o seu substituto. É um absurdo, mas é isso o que acontece na política brasileira. Os ministérios, há muitos anos, se transformaram em feudos partidários. Assim, os afiliados a esses partidos recebem favores dos ministérios, distribuem essas vantagens e engrossam suas hostes partidárias e, claro, negociam, principalmente, com os empreiteiros que dependem das obras desse ou daquele ministério. No governo passado, o presidente Lula utilizou o mensalão para atrair o maior número de parlamentares para os partidos de sua base aliada. Hoje, no governo de Dilma, a herança de Lula, nunca antes vista neste País: uma coalizão que reúne o maior número de partidos políticos, unidos por um apetite voraz. Já que o Ministério dos Transportes continuará com o PR à frente, podemos concluir que a crise política não se dissipará tão cedo.

Ou alguém imagina que Dilma encontrará um nome dentro dos quadros do PR que mude o sistema ali implantado há tantos anos. Nada obstante, é importante registrar que, em apenas seis meses, dois ministros foram demitidos no governo de Dilma Rousseff. É um fato político relevante, apesar de contraditório. É um governo contaminado por práticas políticas espúrias, mas é também o mesmo governo que reage a denúncias de corrupção e se livra dos acusados, Palocci e, agora, Nascimento, dois indicados pelo ex-presidente Lula. Inevitável, desde que a revista Veja denunciou o esquema de corrupção, a demissão do ministro dos Transportes Alfredo Nascimento deixou claro o esquema que envolve todos os seus órgãos executivos, do Departamento Nacional de Infra-estrutura (Dnit) à Valec. Por que a demissão de Nascimento durou quase uma semana?

Pela mesma razão que impede Dilma de nomear seu substituto: a presidente não tem força política para prescindir dos 40 deputados federais e cinco senadores que formam a bancada do PR, partido presidido justamente pelo agora senador Alfredo Nascimento. O interessante é registrar que foi a imprensa que, divulgando novas denúncias, enfraquecendo o ministro, o levou à demissão. Resta aguardar novas denúncias da mídia; isso vai acontecer, sem dúvida alguma.

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