A fome vai às aulas na Serra

Claudia Colares

Editorial

Na noite dessa segunda-feira (7), o noticiário local das emissoras de televisão mostrou um quadro de caos e desrespeito para com a população de baixa renda da Serra.

Nenhuma escola municipal funcionou no primeiro dia de aulas. Não faltaram professores. Muito menos, alunos. O que faltou foi a merenda, item obrigatório no ensino municipal de primeiro grau.

As imagens chocavam pela total falta de atenção dó poder público municipal para centenas de crianças que têm na merenda escolar sua primeira e única refeição do dia.

Chocou também ouvir das autoridades locais desculpas esfarrapadas pelo fato. Do gabinete da secretária de Educação saiu a informação de que a prefeitura trocara de fornecedor e por isso era preciso esperar um tempo até que o novo prestador de serviços se adaptasse ao trabalho.

Outra figura de proa da administração teve o descaramento de pedir que os pais mandassem suas crianças para a escola, a partir desta terça-feira (8), com algo para comer em suas mochilas, até que a situação se normalize.

Numa das cozinhas de escola mostrada havia sobre um balcão meia dúzia de batatas – e nada mais.

Ou seja, o prefeito Sérgio Vidigal gastou o que não devia para eleger sua mulher deputada federal – numa campanha milionária e recheada de ilícitos eleitorais – e agora impõe o regime da fome nas unidades de ensino do município.

sso tem nome: é crime.

O que está impedindo o Ministério Público Estadual (MPE) de acionar a prefeitura serrana para coibir esse tipo de abuso? E o Judiciário, por que deixa passar em branco um absurdo tão grande?

Da Câmara Municipal nada se pode esperar. A eleição ainda está longe e os vereadores são parceiros do prefeito e da mulher dele.

Claro, se a sucessão municipal estivesse mais próxima, a parceria já teria isso para o espaço. Farinha pouca, meu pirão primeiro.

Mas o caso requer ações concretas na área jurídica. Centenas de famílias estão ao desamparo, sujeitas a uma situação vexatória, com seus filhos passando fome.

Será que também está faltando comida à mesa dos ocupantes do poder municipal? E quanto aos filhos da elite serrana, será que falta merenda no interior de suas vistosas mochilas?
Estas são as perguntas que ficaram faltando na cobertura das tevês capixabas sobre o miserê imposto por Vidigal e sua turma às famílias pobres da Serra.

Fonte: Século diário