sexta-feira, 15 de abril de 2011

Governo banaliza medidas macroprudenciais, diz Gustavo Loyola

Klinger Portella, iG São Paulo | 14/04/2011 12:46
Postagem Dag Vulpi 15/04/2011 08:56
  
Ex-presidente do Banco Central afirma que ruídos do governo prejudicam condução da política econômica

O ex-presidente do Banco Central e sócio diretor da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, afirmou nesta quinta-feira que os ruídos de outros órgãos do governo – entre eles, o Ministério da Fazenda – prejudicam a condução da política monetária por parte do Banco Central.
“O BC precisa ter autonomia operacional. Dentro do contexto do regime de metas de inflação, a política monetária tem de ser falada pelo banco central, sem ruídos de outros órgãos do governo”, afirmou, após participação no Seminário Perspectivas da Economia Brasileira: Cenários Econômico e Político, realizado pela Tendências Consultoria.
Loyola disse que há uma “banalização do macroprudencial”. “Hoje, vale tudo. Tudo é macroprudencial. É importante colocar as coisas nos seus lugares. As políticas tradicionais existem e não devem ser esquecidas.”
O economista criticou o discurso oficial de que as medidas macroprudenciais de controle ao crédito esfriarão a demanda e controlarão a inflação. “O nome macroprudencial pode ser novo, mas as medidas são muito velhas. Não tem nenhuma novidade nisso. Deu-se um nome bonito e acha-se que pode resolver os problemas com isso.”
Juros
Loyola defendeu um “alinhamento” dos objetivos entre Banco Central e Fazenda. “Não adianta o BC querer controlar a inflação, se a Fazenda não acredita nesse objetivo”, disse.

Para ele, a autoridade monetária dá sinalizações de que está mais disposta a assumir mais riscos em termos de inflação, “apostando muito mais na conjuntura futuro e na eficácia de suas medidas”. Loyola considera que a postura é arriscada e, em caso de insucesso, a perda virá com inflação maior e uma política de juros mais forte.
O ex-presidente do BC defendeu a força da credibilidade de autoridade monetária diante do mercado. “A credibilidade do BC substitui a taxa de juros. Um banco central com credibilidade terá que elevar menos a taxa de juros em um processo de restrição de demanda.”

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