Os rumores de que o ex-governador Paulo Hartung poderia assumir a direção de uma grande empresa no norte do Estado, aumentou as já expressivas dúvidas de que ele disputará a eleição em Vitória, no próximo ano. Papo de Repórter analisa as últimas movimentações do cenário em Vitória.
Nerter – Esta semana duas situações movimentaram ainda mais o cenário político para a eleição em Vitória no próximo ano. A primeira delas foi a declaração do prefeito João Coser de apoio à candidatura da ministra Iriny Lopes, abandonando o “se” de Paulo Hartung, como bem observou em reportagem nessa sexta-feira (9). A outra foi ventilação nos meios políticos de que Hartung estaria cotado para assumir a direção a OGX, empresa do ramo de petróleo do multimilionário Eike Batista, que vai se instalar no norte do Estado. Ou seja, o ex-governador estaria mesmo deixando a política para ingressar na vida privada. Será que isso tira definitivamente Hartung da disputa do ano que vem?
Renata – Esta história de ele assumir a direção da empresa de Eike Batista já vem rondando o mercado político há cerca de dois meses, há quem diga, inclusive, que o ex-governador teria participação na empresa, não estaria indo para a iniciativa privada como um mero empregado. Mas daí a abandonar seu projeto político fica difícil de acreditar. Isso não me parece o perfil de Hartung. Até porque ele vem alimentando, a seu modo, as expectativas em relação ao seu futuro político. Ele tem conversado com muitas lideranças e dando indicações de movimentações para 2012, sobretudo, para Vitória.
Nerter – Além dessa conversa, há também a mudança clara de postura do prefeito de Vitória, João Coser. Depois de declarar apoio à ministra Iriny Lopes, ele tem adotado um discurso mais crítico, não querendo assumir responsabilidades sozinho. Não fala mais em Hartung e reforça tanto a candidatura da Iriny, como o reagrupamento daquelas forças que sempre estiveram juntas nas eleições municipais. Com isso, a insegurança sobre a possibilidade de Hartung disputar a eleição aumentou muito.
Renata – Isso é verdade. Mas, disputando ou não, ele, com certeza, estará presente na disputa. Hartung tem muitos obstáculos a superar para conseguir entrar na disputa nos termos em que ele desejava. Por isso, o mais provável é que ele realmente venha a apoiar uma candidatura alternativa, como a de Luciano Rezende (PPS), que seria um nome forte mesmo sem o apoio de Hartung...
Nerter – É, mas se ele apoiar, não será uma coisa explicita, vai fazer um jogo de cena, fortalecendo o Luciano nos bastidores, para não correr nenhum risco. Até porque, uma eleição com Iriny Lopes, um tucano que pode ser o deputado federal Cesar Colnago ou o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, mais Luciano Rezende, certamente será uma disputa dura prevista para dois turnos. A polarização entre PT e PSDB é um cenário que Hartung não quer, afinal, seria um estranho no ninho, já que esse jogo é jogado há muito tempo em Vitória. A cidade já internalizou essa rivalidade. Mesmo com seu prestígio político, seria difícil tirar o holofote de seus competidores.
Renata – Mesmo com as incertas de Hartung, que hora diz que não é candidato, hora manda recado pelos emissários dizendo que está no páreo, mas as movimentações do PT batendo martelo sobre sua candidatura, desembolaram as conversas em Vitória. Os partidos estão cada vez menos dispostos a aguardar uma decisão de Hartung, que só vai acontecer lá na frente, quando estiver em cima da hora da eleição. E se ele recuar, como fez em 2010? Essa é a grande questão que se colocou para as lideranças. Então, elas decidiram não esperar, até porque Hartung não tem mais os mesmos mecanismos que tinha antes para conseguir controlar os partidos e fazê-los esperar sua definição.
Nerter – O PT mesmo é um desses partidos. Aliás, o próprio João Coser é uma das lideranças que mais se prejudicaram nesse jogo político de Hartung. O partido saiu de 2008 como o grande vencedor daquelas eleições e com Coser como sua maior liderança. Tinha espaço, inclusive, para ser o nome palaciano à sucessão de Paulo Hartung em 2010, mas não foi, indicou a vice e teve que se reorganizar quando o cabeça de chapa foi substituído. Quando Hartung recuou na questão do Senado, Coser foi imediatamente cogitado, mas novamente descartado dentro do jogo político de Hartung, já que era preciso dar um lugar para o então vice-governador Ricardo Ferraço e todo o capital político que ele tinha adquirido desde o início do segundo mandato de Hartung.
Renata – Pois é. Agora o PT tem a prefeitura mais importante do Estado, com a possibilidade de disputar a eleição tendo uma ministra à frente da campanha. Além disso, o partido tem um projeto nacional, que tem como antagonista principal o PSDB, que vai disputar a eleição em Vitória. Imagine se Hartung, mesmo apoiado pelo PT, faria o contraponto com o PSDB, defendendo a administração Coser! Duvido.
Nerter – O PT já perdeu essa oportunidade em 2010. Também adiou o projeto de voltar ao governo, já que Renato Casagrande (PSB) tem direito à reeleição em 2014. Resta agora a disputa à vaga do Senado. Coser já disse que tem interesse. Hartung, ao que parece, tenta manter seu controle político dentro do Estado. Coser pode até construir sua candidatura ao Senado, mas seria fundamental para isso que ele saia fortalecido da eleição do próximo ano. Se fizer seu sucessor, no caso, sucessora, ele ganharia em capital político para dar sustentar esse projeto.
Renata – Isso passa por aquela avaliação que já fizemos da nova configuração política do Estado. O fato de Hartung não conseguir limpar o campo em Vitória, com o reagrupamento de PT, PSB e PDT, todos com pré-candidaturas colocadas, mostra que seu poder de controle do mercado político já não é o mesmo. Ao mesmo tempo vemos o fortalecimento de lideranças de alto quilate como o governador Renato Casagrande e o senador Ricardo Ferraço (PMDB). O crescimento deles dá confiança ao restante da classe política para que faça suas articulações sem receio do bloqueio hartunguete.
Nerter – Bom, mas em se tratando de Paulo Hartung, é melhor termos sempre um olho no futuro. O fato de ele estar agora isolado, já que conta apenas com o PMDB, não significa que tenha perdido completamente seus mecanismos de acionamento nos meios políticos. Ele ainda pode surpreender. Ou então, por que estaria se movimentando tanto entre as lideranças, buscando holofotes e lançando balões de ensaio?
Renata – Bem lembrado. Muitas lideranças de seu tempo estão aí para lançar mão a qualquer momento do medo do retrocesso e para exaltar a imagem de Hartung com a opinião pública. Embora seja um político de gabinete, fica atrás de uma mesa em uma grande empresa resolvendo questões burocráticas é muito pouco para quem já teve apelido de “imperador”.
Nerter – Esta semana duas situações movimentaram ainda mais o cenário político para a eleição em Vitória no próximo ano. A primeira delas foi a declaração do prefeito João Coser de apoio à candidatura da ministra Iriny Lopes, abandonando o “se” de Paulo Hartung, como bem observou em reportagem nessa sexta-feira (9). A outra foi ventilação nos meios políticos de que Hartung estaria cotado para assumir a direção a OGX, empresa do ramo de petróleo do multimilionário Eike Batista, que vai se instalar no norte do Estado. Ou seja, o ex-governador estaria mesmo deixando a política para ingressar na vida privada. Será que isso tira definitivamente Hartung da disputa do ano que vem?
Renata – Esta história de ele assumir a direção da empresa de Eike Batista já vem rondando o mercado político há cerca de dois meses, há quem diga, inclusive, que o ex-governador teria participação na empresa, não estaria indo para a iniciativa privada como um mero empregado. Mas daí a abandonar seu projeto político fica difícil de acreditar. Isso não me parece o perfil de Hartung. Até porque ele vem alimentando, a seu modo, as expectativas em relação ao seu futuro político. Ele tem conversado com muitas lideranças e dando indicações de movimentações para 2012, sobretudo, para Vitória.
Nerter – Além dessa conversa, há também a mudança clara de postura do prefeito de Vitória, João Coser. Depois de declarar apoio à ministra Iriny Lopes, ele tem adotado um discurso mais crítico, não querendo assumir responsabilidades sozinho. Não fala mais em Hartung e reforça tanto a candidatura da Iriny, como o reagrupamento daquelas forças que sempre estiveram juntas nas eleições municipais. Com isso, a insegurança sobre a possibilidade de Hartung disputar a eleição aumentou muito.
Renata – Isso é verdade. Mas, disputando ou não, ele, com certeza, estará presente na disputa. Hartung tem muitos obstáculos a superar para conseguir entrar na disputa nos termos em que ele desejava. Por isso, o mais provável é que ele realmente venha a apoiar uma candidatura alternativa, como a de Luciano Rezende (PPS), que seria um nome forte mesmo sem o apoio de Hartung...
Nerter – É, mas se ele apoiar, não será uma coisa explicita, vai fazer um jogo de cena, fortalecendo o Luciano nos bastidores, para não correr nenhum risco. Até porque, uma eleição com Iriny Lopes, um tucano que pode ser o deputado federal Cesar Colnago ou o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, mais Luciano Rezende, certamente será uma disputa dura prevista para dois turnos. A polarização entre PT e PSDB é um cenário que Hartung não quer, afinal, seria um estranho no ninho, já que esse jogo é jogado há muito tempo em Vitória. A cidade já internalizou essa rivalidade. Mesmo com seu prestígio político, seria difícil tirar o holofote de seus competidores.
Renata – Mesmo com as incertas de Hartung, que hora diz que não é candidato, hora manda recado pelos emissários dizendo que está no páreo, mas as movimentações do PT batendo martelo sobre sua candidatura, desembolaram as conversas em Vitória. Os partidos estão cada vez menos dispostos a aguardar uma decisão de Hartung, que só vai acontecer lá na frente, quando estiver em cima da hora da eleição. E se ele recuar, como fez em 2010? Essa é a grande questão que se colocou para as lideranças. Então, elas decidiram não esperar, até porque Hartung não tem mais os mesmos mecanismos que tinha antes para conseguir controlar os partidos e fazê-los esperar sua definição.
Nerter – O PT mesmo é um desses partidos. Aliás, o próprio João Coser é uma das lideranças que mais se prejudicaram nesse jogo político de Hartung. O partido saiu de 2008 como o grande vencedor daquelas eleições e com Coser como sua maior liderança. Tinha espaço, inclusive, para ser o nome palaciano à sucessão de Paulo Hartung em 2010, mas não foi, indicou a vice e teve que se reorganizar quando o cabeça de chapa foi substituído. Quando Hartung recuou na questão do Senado, Coser foi imediatamente cogitado, mas novamente descartado dentro do jogo político de Hartung, já que era preciso dar um lugar para o então vice-governador Ricardo Ferraço e todo o capital político que ele tinha adquirido desde o início do segundo mandato de Hartung.
Renata – Pois é. Agora o PT tem a prefeitura mais importante do Estado, com a possibilidade de disputar a eleição tendo uma ministra à frente da campanha. Além disso, o partido tem um projeto nacional, que tem como antagonista principal o PSDB, que vai disputar a eleição em Vitória. Imagine se Hartung, mesmo apoiado pelo PT, faria o contraponto com o PSDB, defendendo a administração Coser! Duvido.
Nerter – O PT já perdeu essa oportunidade em 2010. Também adiou o projeto de voltar ao governo, já que Renato Casagrande (PSB) tem direito à reeleição em 2014. Resta agora a disputa à vaga do Senado. Coser já disse que tem interesse. Hartung, ao que parece, tenta manter seu controle político dentro do Estado. Coser pode até construir sua candidatura ao Senado, mas seria fundamental para isso que ele saia fortalecido da eleição do próximo ano. Se fizer seu sucessor, no caso, sucessora, ele ganharia em capital político para dar sustentar esse projeto.
Renata – Isso passa por aquela avaliação que já fizemos da nova configuração política do Estado. O fato de Hartung não conseguir limpar o campo em Vitória, com o reagrupamento de PT, PSB e PDT, todos com pré-candidaturas colocadas, mostra que seu poder de controle do mercado político já não é o mesmo. Ao mesmo tempo vemos o fortalecimento de lideranças de alto quilate como o governador Renato Casagrande e o senador Ricardo Ferraço (PMDB). O crescimento deles dá confiança ao restante da classe política para que faça suas articulações sem receio do bloqueio hartunguete.
Nerter – Bom, mas em se tratando de Paulo Hartung, é melhor termos sempre um olho no futuro. O fato de ele estar agora isolado, já que conta apenas com o PMDB, não significa que tenha perdido completamente seus mecanismos de acionamento nos meios políticos. Ele ainda pode surpreender. Ou então, por que estaria se movimentando tanto entre as lideranças, buscando holofotes e lançando balões de ensaio?
Renata – Bem lembrado. Muitas lideranças de seu tempo estão aí para lançar mão a qualquer momento do medo do retrocesso e para exaltar a imagem de Hartung com a opinião pública. Embora seja um político de gabinete, fica atrás de uma mesa em uma grande empresa resolvendo questões burocráticas é muito pouco para quem já teve apelido de “imperador”.
Via Seculo Diario
Nenhum comentário:
Postar um comentário