O cerco está se fechando
Editorial
As denúncias no município de Presidente Kennedy, a cada dia, vão ganhando contornos mais dramáticos. As escutas telefônicas da Polícia Federal podem ser interpretadas como mais um golpe duro no ex-governador Paulo Hartung, que começa a ter suas relações com o prefeito preso Reginaldo Quinta e companhia desveladas.
Nas escutas, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, José Antônio Pimentel, é flagrado em diálogos comprometedores com o prefeito, o procurador-geral da prefeitura, Constâncio Borges Brandão, e o empresário Cláudio Ribeiro Barros. As conversas evidenciam a proximidade entre conselheiro e o grupo ligado ao prefeito acusado de atuar nas fraudes, que rompem a casa dos R$ 50 milhões.
Pimentel, a exemplo de outros conselheiros ativos, foram alçados no TCE pelas mãos do ex-governador, que sempre se preocupou em controlar as instituições que tiveram papel estratégico para manter o arranjo político-institucional que deu sustentação a seu governo.
As escutas enterram Pimentel até o pescoço e, de quebra, apontam indícios de que Hartung também tinha conhecimento do esquema montado em Kennedy.
A proximidade entre Pimentel e Quinta é tão grande que permite que ambos usem a tratativa de “irmãos”, o que mostra a promiscuidade da relação.
Desde a “Operação Moeda de Troca”, deflagrada em setembro de 2010, Pimentel já mexia seus pauzinhos para retardar as investigações envolvendo Quintas, tanto é que o prefeito só foi denunciado formalmente pelo Ministério Público em abril do ano passado e só foi parar atrás das grades mês passado.
Cabe agora ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), como recomenda a PF, destrinchar a vasta documentação e aprofundar as denúncias envolvendo Pimentel, uma vez que o conselheiro tem foro privilegiado. O relatório da PF avalia que o conjunto de evidências contra o conselheiro é “contundente”.
O fato de a documentação seguir para o STJ, a esta altura do campeonato – quando os grupos ligados ao ex-governador concentram esforços para tentar jogar uma cortina de fumaça sobre as denúncias -, é benéfico ao processo de apuração do esquema fraudulento instalado em Kennedy. Até onde se tem conhecimento, o ex-governador ainda não tem representantes nas cortes federais. A sensação é de que o cerco está, finalmente, se fechando.
Via Seculo Diario Comente essa coluna | +Comentários
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