Depois do estardalhaço em torno da suposta ligação do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em março de 2003, a uma “pessoa importante” no Estado, a postura do então secretário de Segurança, o atual deputado estadual Rodney Miranda (DEM), mudou radicalmente ao sabor das conveniências de ocasião. Entre a queda do cargo após o escândalo do grampo na Rede Gazeta e o retorno ao governo, pouco mais de um ano depois, Rodney contou com a amizade do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) para se manter blindado no Estado.
Apontado pela personal trainer do juiz, Julia Eugênia Fontoura, como um dos possíveis interessados na morte de Alexandre Martins, o ex-governador trabalhou para evitar qualquer desgaste ao atual parlamentar. Além de promover o retorno após uma passagem mal-sucedida no início do governo, Hartung também movimentou seus aliados para afastar qualquer tipo de implicação do ex-secretário com a polêmica do grampo.
Rodney caiu do cargo em dezembro de 2005 após o escândalo se tornar público e retornou em maio de 2007, mesma época em que a polêmica em torno das escutas ilegais voltou a ganhar força com a notícia do desaparecimento de autos da Comissão Parlamentar de Inquérito, batizada como CPI do Grampo, na Assembleia Legislativa.
Apesar das manobras atribuídas ao ex-governador para acabar com os trabalhos, o que culminou até mesmo com o encerramento da CPI sem a leitura do relatório final, em janeiro de 2006, o sumiço dos autos da CPI trouxe novamente o caso à baila, porém, o caminho para colocar uma pedra sobre o assunto veio justamente por parceiros do ex-governador.
Principal interessada no esclarecimento do desaparecimento dos autos da CPI, a deputada Aparecida Denadai (PDT), eleita no palanque de oposição, acabou contribuindo ao enviar, em setembro daquele ano, as investigações para o Ministério Público Estadual (MPES), instituição que compôs o arranjo institucional montada pelo governador para garantir a governabilidade.
Com o engavetamento das investigações no Ministério Público, o caminho ficou livre para que o “fenômeno” Rodney Miranda saísse do gabinete do ex-governador para o restante do Estado. Graças à exposição das atividades na pasta, Rodney ganhou visibilidade com a realização de grandes operações policiais na Grande Vitória e nos municípios do interior, classificadas como “ações midiáticas” pelo ex-deputado federal Capitão Assumção (PSB).
Mesmo sem cumprir a promessa de redução nos índices de violência, Rodney forjou a imagem de superdelegado, ao passo que ganhou notoriedade após o lançamento do livro “Espírito Santo”, em 2009. Na publicação, o demista constrói a narrativa do crime de mando do juiz Alexandre sem envolver a suspeição lançada por ele próprio sobre o possível envolvimento do ex-governador com o crime.
Pelo contrário, Rodney se coloca ao lado de Hartung como protagonista no combate ao crime organizado no Estado. Dessa aliança surge o nome do demista como candidato a uma vaga na Assembleia. Em maio de 2010, Rodney deixou a pasta novamente, desta vez, para disputar as eleições. Explorando o prestígio junto ao então governador, Rodney se tornou o deputado mais bem votado da atual legislatura, com 65.049 votos.
Em seu site, o deputado atribui a vitória ao “reconhecimento da população capixaba perante a sua atuação na Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp)”. No mesmo local, Rodney faz apenas uma menção rápida ao nome do ex-governador, onde cita o convite para assumir o desafio de ser secretário em um “Estado dominado pelo crime organizado e pela corrupção”.
Pode até ser que esse quadro não tenha sido alterado desde então, como aponta a recente “Operação Lee Oswald”, que revelou a formação de um novo crime organizado nas prefeituras capixabas. Mesmo assim, os planos são audaciosos: o demista quer ser prefeito de Vila Velha, maior eleitorado do Estado. Para a nova empreitada, o ex-secretário já conta com um importante amigo e aliado, o ex-governador Paulo Hartung. | Nerter Samora | SD
Via Blog Dag Vulpi
pedi a moral mas ta tdo bm.
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