O risco
do avanço
Por Jânio de Freitas
O risco é grande e, pior ainda, crescente. O
que pode suceder quando um alvejado por agressões orais do presidente do
Supremo Tribunal Federal usar o direito de reagir à altura, como é provável que
acabe acontecendo? Em qualquer caso, estará criado um embaraço extremo. Não se
está distante nem da possibilidade de uma crise com ingredientes
institucionais, caso o ministro Joaquim Barbosa progrida nas investidas
desmoralizantes que atingem o Congresso e os magistrados.
O fundo de moralismo ao gosto da classe média
assegura às exorbitâncias conceituais e verbais do ministro a tolerância, nos
meios de comunicação, do tipo “ele diz a coisa certa do modo errado” –o que é
um modo moralmente errado de tratar a coisa errada. Não é novidade como método,
nem como lugar onde é aplicado.
Nem por isso o sentido dos atos é mudado. “Só
se dirija a mim se eu pedir!” é uma frase possível nas delegacias de polícia.
Dita a um representante eleito da magistratura, no Supremo Tribunal Federal,
por seu presidente, é, no mínimo, uma manifestação despótica, sugestiva de
sentimento ou pretensão idem. Se, tal como suas similares anteriores, levou
apenas a mais uma nota insossa dos alvejados, não faz esperar que seja assim em
reedições futuras desses incidentes.
Afinal, quem quer viver em democracia tem o
dever de repelir toda manifestação de autoritarismo, arbitrariedade e
prepotência. É o único dever que o Estado de Direito cobra e dele não abre mão.
*Jânio de Freitas, jornalista, na
Folha de S. Paulo de 11/04/2013
Postado originalmente em : Quem tem medo da democracia?
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