domingo, 17 de abril de 2011

Câmara e Senado batem cabeça em razão da reforma política

Postagem Dag Vulpi 17/04/2011 18:12

A falta de sintonia entre as duas casas legislativas ficou visível ontem durante debate na Assembléia. Enquanto membros do Senado defendem mudanças imediatas, representantes da Câmara pedem calma.
Fim da reeleição: o mandato passaria a ser de cinco anos para presidente da República, governadores e prefeitos. Em compensação, não haveria possibilidade de reeleição.Tema estabelecido como prioridade pela presidente Dilma Rousseff (PT), a reforma do sistema político nacional está gerando desentendimentos institucionais dentro do Congresso Nacional. Enquanto debatem o assunto, Câmara dos Deputados e Senado Federal não se acertam quanto à autoria do projeto de reforma política e, por conta própria, cada casa legislativa está montando a sua proposta. A divergência, inclusive, chegou à bancada cearense em Brasília e, ontem, durante evento na Assembleia Legislativa do Ceará, ficou explícito o desentendimento entre o senador Eunício Oliveira (PMDB) e o deputado federal José Nobre Guimarães (PT) – o que simboliza o desacordo entre Câmara e Senado.
Eunício, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, anunciou ontem – durante o seminário sobre reforma política – que vai trabalhar para aprovar a proposta de reforma do Senado em “tempo recorde”. O limite, para Eunício, é final de setembro ou início de agosto. “Para acelerar o trâmite, ficou acertado que os senadores só terão uma semana para analisar cada proposta caso peçam vista de algum dos projetos”, informou o senador.
Já Guimarães, que coordena a bancada federal cearense, argumentou que a pressa é prejudicial à construção da reforma política. “Do jeito que a coisa está sendo feita, não vai ter reforma. Essa pressa é coisa de quem não quer reforma política”, disparou Guimarães.
O tema está em pauta em duas comissões especiais distintas, instauradas no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. O Senado, entretanto, saiu à frente e já consolidou uma proposta com 14 itens para a reforma política. São esses itens que Eunício, como presidente da CCJ, pretende transformar em projetos de lei para apreciação até agosto, no máximo. A comissão de reforma política na Câmara, por outro lado, deve concluir suas propostas somente em agosto.
“Eu não sei como é que um grupo de senadores se reúne e fazem uma proposta de reforma política sem ouvir o País”, atacou Guimarães, em referência a proposta do Senado. “Eu defendi a formação de uma comissão única. Essas duas comissões que estão aí têm legitimidade para debater. A gente não pode estar estimulando disputa porque não é uma coisa saudável”, comentou Eunício.
O seminário realizado ontem sobre reforma política foi promovido pela Assembleia Legislativa do Ceará em parceria com a Câmara Municipal de Fortaleza. Em ambas casas legislativas, o tema é debatido por comissões especiais. O evento contou com a participação do ministro Hamilton Carvalhido, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e membro do Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
ENTENDA A NOTÍCIA
Câmara dos Deputados e Senado Federal formulam reformas políticas paralelamente, mas cada Casa depende da aprovação da outra. Até agora não houve acordo para estabelecer diálogo e unificar as propostas.

SAIBA MAIS 
Algumas propostas de reforma política feitas pelo Senado:
Suplente de senador: Os senadores indicariam apenas um suplente, não mais dois, como acontece.
Financiamento público de campanhas eleitorais: proposta para evitar a injeção de capital privado nas eleições.
Voto em lista fechada nas eleições proporcionais: Eleitor vota no partido, que já terá definido uma lista de candidatos preordenada. Assim, eleitor define voto analisando a lista e sabendo que os eleitos são declarados de acordo com a ordem de nomes definida pelos partidos
Pedro Alves

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