No período de 1995 á 2002 o Brasil iniciou um processo
que buscou um vigoroso crescimento econômico regido único e exclusivamente por
órgãos supranacionais como o FMI e o BIRD.
Para tanto as medidas tomadas foram a abertura ao mercado internacional,
controle inflacionário, corte de gastos, privatizações, entre outras.
Metaforicamente
era a etapa de fazer a massa do bolo e levá-lo ao forno... Mas o FMI tinha a
receita certa? Foram usados os ingredientes genuinamente brasileiros? O fermento
seria suficiente para o bolo crescer? Essas e outras questões conferem ao
governo tucano um ponto de partida interessante para reflexões a respeito da
implementação da política neoliberal e da didática no trato da economia.
Dizer se
as investidas de FHC e sua equipe política deram certo ou não torna-se algo um
tanto subjetivo, mas alguns pontos podem tornar esse raciocínio mais lógico e
menos partidário. Vamos a eles:
Dos ingredientes: foram os mesmos do bolo argentino e dos
demais bolos. Não se observou nenhuma particularidade da bandeja brasileira. E
eram muitas. A receita do FMI necessitava de alguns ajustes para que se adequasse á economia brasileira e
não o contrário. Dadas as condições da economia era previsível que na melhor
das hipóteses a estabilização seria um processo longo. Na época a economia
estrangulava os salário e o crédito. Essa é acima de qualquer dúvida o grande
êxito desse governo. Tornar a inflação baixíssima se comparada a de 1995 e a um
nível mais competitivo.
Sobre a
duração desse processo implica outra questão muito importante: a credibilidade
de FHC e das instituições públicas
perante ao eleitorado e conseqüentemente a sobrevivência de seu governo. O eleitorado não teria tanta paciência até porque a maioria
das medidas de austeridade tiveram um reflexo negativo para o cidadão de uma
forma individual. O ganho seria um fruto coletivo colhido de forma gradual. Mas
isso não quer dizer que o povo seja culpado. Ou não queira dizer o governo
fosse. Ao menos não totalmente.
Outra
questão relevante a ser apontada é a perda de soberania do governo ao aceitar
integralmente as ações impelidas pelo acordo do FMI integralmente e “bondosamente”.
O governo perdeu a chance de buscar seu
próprio modelo de desenvolvimento e crescimento econômico. Mesmo que a idéia do
plano de ações do FMI fosse conivente e teoricamente mais técnica do que as
ações dos governos anteriores era também uma receita cara.
O abismo
fiscal e a dívida externa que a partir daí só cresceu tornaram o modelo questionável
e penoso para o Brasil. Temos que o modelo neoliberal deu ao Brasil uma
economia mais estável e mais competitiva em médio prazo, porém isso se deu a um
custo muito alto. O Brasil modernizou-se, mas tornou-se refém do FMI e menos “soberano.”
O próximo governo diria se o modelo
continuaria viável e se o foco desenvolvimentismo seria o mesmo. Não foi. Esse
dualismo do modelo neoliberal trás a tona muitos questionamentos e com isso uma
didática interessante sobre essas questões. É juntar os fatos e construir sua
opinião...
Nenhum comentário:
Postar um comentário