terça-feira, 16 de abril de 2013

FHC – Um governo didático (Parte 1)



No período de 1995 á 2002 o Brasil iniciou um processo que buscou um vigoroso crescimento econômico regido único e exclusivamente por órgãos supranacionais como o FMI e o BIRD.  Para tanto as medidas tomadas foram a abertura ao mercado internacional, controle inflacionário, corte de gastos, privatizações, entre outras.
            Metaforicamente era a etapa de fazer a massa do bolo e levá-lo ao forno... Mas o FMI tinha a receita certa? Foram usados os ingredientes genuinamente brasileiros? O fermento seria suficiente para o bolo crescer? Essas e outras questões conferem ao governo tucano um ponto de partida interessante para reflexões a respeito da implementação da política neoliberal e da didática no trato da economia.
            Dizer se as investidas de FHC e sua equipe política deram certo ou não torna-se algo um tanto subjetivo, mas alguns pontos podem tornar esse raciocínio mais lógico e menos partidário. Vamos a eles:
Dos ingredientes: foram os mesmos do bolo argentino e dos demais bolos. Não se observou nenhuma particularidade da bandeja brasileira. E eram muitas. A receita do FMI necessitava de alguns ajustes  para que se adequasse á economia brasileira e não o contrário. Dadas as condições da economia era previsível que na melhor das hipóteses a estabilização seria um processo longo. Na época a economia estrangulava os salário e o crédito. Essa é acima de qualquer dúvida o grande êxito desse governo. Tornar a inflação baixíssima se comparada a de 1995 e a um nível mais competitivo.
            Sobre a duração desse processo implica outra questão muito importante: a credibilidade de FHC e das instituições públicas  perante ao eleitorado e conseqüentemente a sobrevivência de seu  governo. O eleitorado  não teria tanta paciência até porque a maioria das medidas de austeridade tiveram um reflexo negativo para o cidadão de uma forma individual. O ganho seria um fruto coletivo colhido de forma gradual. Mas isso não quer dizer que o povo seja culpado. Ou não queira dizer o governo fosse. Ao menos não totalmente.
            Outra questão relevante a ser apontada é a perda de soberania do governo ao aceitar integralmente as ações impelidas pelo acordo do FMI integralmente e “bondosamente”.  O governo perdeu a chance de buscar seu próprio modelo de desenvolvimento e crescimento econômico. Mesmo que a idéia do plano de ações do FMI fosse conivente e teoricamente mais técnica do que as ações dos governos anteriores era também uma receita cara.
            O abismo fiscal e a dívida externa que a partir daí só cresceu tornaram o modelo questionável e penoso para o Brasil. Temos que o modelo neoliberal deu ao Brasil uma economia mais estável e mais competitiva em médio prazo, porém isso se deu a um custo muito alto. O Brasil modernizou-se, mas tornou-se refém do FMI e menos “soberano.” O próximo governo diria se o  modelo continuaria viável e se o foco desenvolvimentismo seria o mesmo. Não foi. Esse dualismo do modelo neoliberal trás a tona muitos questionamentos e com isso uma didática interessante sobre essas questões. É juntar os fatos e construir sua opinião...


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